Image de la langue dans la production de connaissances en Angola et au Mozambique

Résumé de la communication donnée lors des journées d’études 21-22 janvier 2025 “Reconnaissance, recherche et enseignement de langues minorisées“ organisées dans le cadre du projet RECLAM
Natalia Penitente Andrade[1]
Université de São Paulo, Brésil
Image de la langue dans la production de connaissances en Angola et au Mozambique
Dans cet article, nous présenterons un extrait de notre projet de recherche doctorale, actuellement en cours, combiné avec des données analysées dans le cadre de notre mémoire de master sur la production de connaissances en Angola. Nous avons commencé par poser la question suivante : comment les mémoires et les thèses produits dans les universités angolaises et mozambicaines construisent-ils l’idée que peu de langues peuvent faire l’objet d’une production de connaissances ?
Notre objectif général est d’étudier les mécanismes qui contribuent à la formation d’images de la langue dans des contextes multilingues tels que ceux de l’Angola et du Mozambique. À ces fins, nous avons défini les objectifs spécifiques suivants : (1) analyser les stratégies textuelles et discursives qui façonnent la construction d’images linguistiques dans la production académique ; et (2) contribuer à la réflexion sur la production académique à l’université, en considérant les corrélations entre les textes académiques et les perspectives idéologiques qui les traversent.
Comme cadre théorique, nous avons mobilisé Pêcheux (1997), Schlieben-Lange (1993), Ducrot (1987), Authier-Revuz (1998) et Canut (2000). Ce cadre théorique et analytique nous permet d’explorer la manière dont les discours académiques reflètent et reproduisent les formations discursives et les dynamiques de pouvoir de la production de connaissances dans des contextes multilingues.
La méthodologie consiste à analyser des textes académiques[2] provenant des archives de l’Université Eduardo Mondlane (UEM) et de l’Université de Kuanza Sul (UKS). L’analyse initiale montre que, dans la production de connaissances issue de ces contextes, il y a une passivité dans la défense des langues africaines comme légitimes pour la production académique. Nous avons observé la marginalisation des voix et des cultures locales dans les discours, ce qui renforce les images qui positionnent les langues locales comme inadaptées au domaine scientifique-académique.
Les résultats préliminaires soulignent la nécessité de réfléchir à la dynamique du pouvoir qui imprègne le monde universitaire. La production de connaissances dans ces cas est souvent marquée par la sous-évaluation des langues africaines, ce qui met en évidence la continuité des inégalités historiques et culturelles. En outre, l’accent mis sur les images qui délimitent les sujets et leurs relations avec le savoir met en évidence le besoin urgent de repenser la place des langues locales en tant qu’espaces légitimes de production de connaissances. Ces analyses cherchent à contribuer à l’élargissement du débat académique sur la production de connaissances dans des contextes multilingues, en problématisant les corrélations entre les discours académiques et les perspectives idéologiques qui façonnent les discours académiques en Angola et au Mozambique.
Imagem de língua na produção de conhecimento de Angola e Moçambique
Nesta comunicação, apresentarei um recorte do projeto de pesquisa de doutorado, em andamento, articulado com dados analisados na pesquisa de mestrado sobre a produção de conhecimento em Angola. Assim, parti da pergunta de pesquisa: Como as dissertações e teses de Angola e Moçambique constroem a ideia de que poucas línguas podem ser objeto da produção de conhecimento?
Nosso objetivo geral é investigar os mecanismos que contribuem para a formação das imagens de língua em contextos multilíngues, como os de Angola e Moçambique. Para isso, delineamos os seguintes objetivos específicos: (1) analisar as estratégias textuais e discursivas que moldam a construção das imagens de língua na produção acadêmica; e (2) colaborar com a reflexão sobre a produção acadêmica na universidade, considerando as correlações entre os textos acadêmicos e as perspectivas ideológicas que os atravessam.
Como referencial teórico, mobilizamos Pêcheux (1997), Schlieben-Lange (1993), Ducrot (1987) e Authier-Revuz (1998) e Canut (2000). Esse enquadramento teórico-analítico nos permite explorar como os discursos acadêmicos refletem e reproduzem formações discursivas e dinâmicas de poder da produção de conhecimento de contextos multilíngues.
A metodologia consiste na análise de textos acadêmicos retirados dos repositórios da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e da Universidade de Kuanza Sul (UKS). A análise inicial aponta que, na produção de conhecimento nesses contextos, há uma passividade em defender as línguas africanas como legítimas para a produção acadêmica. Observamos a marginalização das vozes e culturas locais nos discursos, o que reforça imagens que posicionam as línguas locais como inadequadas ao campo científico-acadêmico.
Os resultados preliminares apontam para a necessidade de refletir sobre as dinâmicas de poder que permeiam a academia. A produção de conhecimento, nesses casos, é frequentemente marcada pela subvalorização das línguas africanas, evidenciando uma continuidade de desigualdades históricas e culturais. Além disso, a ênfase em imagens que delineiam os sujeitos e suas relações com o conhecimento destaca a urgência de repensar o lugar das línguas locais como espaços legítimos de produção de conhecimento. Essas análises buscam contribuir para a ampliação do debate acadêmico sobre a produção de conhecimento em contextos multilíngues, problematizando as correlações entre discursos acadêmicos e as perspectivas ideológicas que moldam os discursos acadêmicos em Angola e Moçambique.
Références bibliographiques / Referências
AUTHIER-REVUZ, J. Palavras incertas : as não coincidências do dizer. Campinas : Editora da Unicamp, 1998.
DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas : Pontes, 1987.
PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso (AAD-69). 2. ed. Campinas : Editora da Unicamp, 1997.
SCHLIEBEN-LANGE, B. Linguagem e história : as linguagens na história e a história das linguagens. Campinas : Pontes, 1993.
CANUT, Cécile & al. Capítulo 1. Imaginários linguísticos e discursos epilinguísticos. In : CANUT, Cécile & al. Le langage, une pratique sociale. Besançon : Presses universitaires de Franche-Comté, 2018. Disponível em : https://doi.org/10.4000/books.pufc.37015. Acesso em : 14 dez. 2024.
[1] Doctorante au sein du programme de Philologie et Langue Portugaise (FLP) de l’Université de São Paulo (USP) sous la direction du professeur Dr. Valdir Heitor Barzotto. / Doutoranda pelo programa de pós-graduação em Filologia e Língua Portuguesa (FLP) na Universidade de São Paulo (USP). Orientada pelo professor Dr. Valdir Heitor Barzotto.
[2] Textes scientifiques produits dans un cadre universitaire, tel que des mémoires ou des thèses.
OpenEdition vous propose de citer ce billet de la manière suivante :
mshbordeaux (20 décembre 2024). Image de la langue dans la production de connaissances en Angola et au Mozambique. Maison des Sciences Humaines Bordeaux. Consulté le 18 mai 2025 à l’adresse https://doi.org/10.58079/12zds